Eliseu no encontro das Centrais Sindicais com presidente Lula: “retomada do diálogo e negociações”

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista e também da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, Eliseu Silva Costa, participou nesta quarta-feira, 18, do encontro das Centrais Sindicais com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.

Durante o encontro que reuniu todas as centrais sindicais brasileiras, no Palácio do Planalto, para discutir o reajuste do salário mínimo e outros temas do mundo do trabalho, o presidente Lula criticou o Imposto de Renda da Pessoa Física descontado de trabalhadores e trabalhadoras, que é, segundo ele, proporcionalmente mais alto do que o pago pelos mais ricos.

“Nesse país, quem paga Imposto de Renda de verdade é quem tem holerite de pagamento porque é descontado na folha e a gente não tem como não pagar”, disse Lula durante evento que teve a presença também os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, e da Casa Civil, Rui Costa.

Crítico das alíquotas cobradas dos trabalhadores, Lula rebateu o argumento de queda de arrecadação daqueles que não concordam que o presidente aumente o valor da isenção dizendo que é preciso inverter a lógica.

“Eu tenho uma briga com os economistas do PT, o pessoal fala ‘se a gente fizesse isenção até R$ 5.000 perderia 60% da arrecadação desse país das pessoas que ganha até R$ 6.000’. A solução, segundo o presidente é “mudar a lógica, diminuir [o imposto] para o pobre e aumentar para o rico”.

O presidente deixou claro, no entanto, que a decisão não depende apenas dele, que uma proposta como essa tem de ser analisada e votada pelo Congresso Nacional e, para isso acontecer, o povo precisa se organizar, se mobilizar e exigir que o Parlamento aprove.

Isenção para quem ganha até R$ 5 mil

Lula lembrou que, durante a campanha eleitoral, prometeu isentar de imposto de renda quem ganha até R$ 5.000, mas esclareceu que o cumprimento da promessa não depende só dele.

“Obviamente que isenção e aumento de imposto não se pode fazer no grito, na vontade. A gente tem que construir e nós vamos construir isso e começar uma reforma tributária”, explicou.

O presidente comentou a declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante painel do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, nesta terça-feira (17), sobre a reforma tributária e correção da tabela do IR no segundo semestre deste ano, ressaltando que isso também depende de pressão e organização da sociedade.

“Eu gostei da declaração do Haddad que vamos fazer a reforma no primeiro semestre, mas para isso é preciso muita discussão, é preciso que vocês aprendam a fazer muita pressão em cima do governo. Se não fizer pressão a gente não ganha isso, senão, [não fizer pressão] a gente pensa que se vocês estão gostando”, provocou Lula.

Eliseu Silva Costa e outros sindicalistas no encontro no Paláciio do Planalto. Foto: arquivo pessoal

Encontro positivo

Para Eliseu Silva Costa o encontro foi muito positivo e sinalizou uma retomada das discussões que ficaram esquecidas durante o governo anterior.

“Hoje realmente nós tivemos um belo encontro com o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também com o nosso ministro do trabalho Luiz Marinho, uma retomada do diálogo e negociações”, disse Eliseu.

O presidente do Sindicato lembrou que a reunião teve por objetivo reiniciar as conversas com movimento sindical e seus temas principais, como a questão da isenção do IR até R$ 5 mil, a retomada do crescimento econômico e o aumento real do salário mínimo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva instituiu  um grupo de trabalho para a elaboração de uma proposta que trata da Política de Valorização do Salário Mínimo, que trará uma fórmula de cálculo permanente para o piso nacional. No encontro, Lula disse que o salário mínimo precisa subir de acordo com o crescimento da economia, em equivalência ao aumento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país).

Não ao imposto sindical

Eliseu disse que outro tema tratado foi o custeio dos Sindicatos, algo que já havia sido conversado com o presidente na fase transição de governo.

“Nós não queremos imposto sindical, mas queremos que realmente os sindicatos também possam discutir o seu custeio”, explicou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.
Segundo ele, não é justo o Sindicato negociar, lutar pelos trabalhadores, fazer convenção coletiva de trabalho, a participação nos lucros e resultados – dando todas as garantias aos trabalhadores – e somente os associados pagam por isso, enquanto todos recebem o benefício.

“O custeio é uma questão justa para que, de fato, todos possam contribuir de uma forma bem tranquila, sem exageros, com seu sindicato. Porque, na verdade, não existe uma política salarial no país”.

O presidente Lula e o ministro Luiz Marinho criaram uma comissão conjunta com sindicalistas e governo para discutir os temas e apresentar propostas.

“Agora é o momento da pacificação do País. Luiz Inácio Lula da Silva é o presidente de todos os brasileiros, gostem ou não. Vamos torcer para que tudo dê certo”, disse Eliseu.

. Gostem ou não, Luiz Inácio Lula da Silva é o presidente do país. Vamos torcer pra que tudo dê certo.

 

Com informações da Central Única dos Trabalhadores e Agência Brasil 

FOTO DE ABERTURA: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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