Governo atropela e aprova urgência para reforma trabalhista
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite de ontem (19), o regime de urgência para o substitutivo ao Projeto de Lei 6.787, que mexe com a legislação trabalhista. Era uma nova tentativa de aprovar a urgência, rejeitada na sessão de ontem, em uma derrota do governo. Desta vez, foram 287 votos a favor, 30 acima do número necessário e 57 a mais do que ontem, e 144 contrários, menos que os da véspera (163).
A base governista tentava votar de qualquer maneira, enquanto a oposição queria mais tempo. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ignorou recurso contra o requerimento de urgência e esticou o prazo para garantir quórum maior do que o da véspera.
Manobra
Na última terça-feira (18), o plenário rejeitou o requerimento de urgência por insuficiência de votos: foram 230 a favor, quando o mínimo necessário é 257. Outros 163 votaram contra. Aprovada a urgência, não é possível pedir vista ou fazer mais emendas na comissão especial que discute o substitutivo, feito pelo deputado Rogério Marinho (PSDB-RN).
“Essa história de ser ao mesmo tempo presidente da Câmara e líder do governo não é algo que seja razoável”, criticou o líder do Psol, Glauber Braga (RJ), referindo-se a Rodrigo Maia. O partido apresentou recurso para que a matéria não seja votada, afirmando ter o mínimo necessário de um terço dos deputados presentes, mas Maia ignorou o pedido e encaminhou a votação do requerimento de urgência. Parte dos parlamentares subiu até a mesa para pressioná-lo, gritando “golpe”.
“Manobra vergonhosa”, disse Henrique Fontana (PT-RS). “Mais de um terço não quer votar essa matéria. Vossa excelência está ferindo o regimento”, acrescentou Maria do Rosário (PT-RS), dirigindo a Maia. “Propus votar no dia 3 de maio, e o PT não quis”, afirmou o presidente da Câmara.
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados