Milhares vão à s ruas, em todo País, contra a reforma da previdência
Milhares de pessoas foram à s ruas, em todo o País, manifestar contra a Reforma da Previdência, demonstrando a força da sociedade no Dia Nacional de Paralisação.
Em São Paulo, a greve de à´nibus e metrà´ levou a cidade a bater um recorde de congestionamento, chegando a 201km, à s 9h30, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
à€s 16h, milhares de pessoas foram para a Avenida Paulista e protestaram de forma pacífica. Toda a avenida foi tomada por uma multidão.
Um dos temas levantados durante o protestos foi o fim da aposentadoria especial para professores, que com a reforma passariam a integrar o regime geral da Previdência. Maria Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), acredita que os trabalhadores vão se unir contra a reforma. “Porque não é justo. Algum professor se forma aos 16 anos? Não se forma. A sua idade mínima não será nem 65 anos, vai ser 70 ou 75 e [o professor] vai se aposentar oxalá aos 80 anos. à‰ meio século de contribuição na Previdência”.
A mesma pauta ganhou destaque em Brasília, em frente ao Congresso Nacional, quando um grande grupo de professores colocou dezenas de cruzes no gramado para simbolizar pessoas que vão morrer sem poder se aposentar, caso a reforma seja aprovada.
Ainda na capital do País, um grupo formado por manifestantes sem-terras, agricultores familiares e sem-teto ocuparam Ministério da Fazenda, que teve vários vidros quebrados. O trânsito foi interditado nos dois sentidos do Eixo Monumental, gerando engarrafamento na área central.
Em Belo Horizonte e Região Metropolitana, houve paralisação dos metroviários, petroleiros e servidores da educação municipal, da saúde, além de limpeza urbana e categorias administrativas. Várias escolas e faculdades privadas também fecharam. Os à´nibus circularam normalmente.
Em Curitiba, os à´nibus do transporte público não circularam, a coleta de lixo foi suspensa, e houve escolas sem aulas e bancos fechados por conta da adesão dos trabalhadores ao Dia Nacional de Paralisação. Hoje (16), pelo 2 º dia seguido, motoristas e cobradores permanecem em greve e apenas a frota mínima de à´nibus circula na cidade.
TUMULTO NO RIO
A manhã foi tranquila no centro do Rio de Janeiro com a manifestação dos integrantes da Frente Internacionalista dos Sem Teto (Fist), em passeata da Avenida Brasil até a Avenida Presidente Vargas, onde bloquearam as pistas no sentido centro da cidade. Os portuários fazem um protesto na Avenida Rio de Janeiro, em frente à entrada do porto do Rio de Janeiro.
Mas a noite o clima esquentou depois que um tumulto antecipou o fim da manifestação contra reforma da Previdência. A reação de policiais do Batalhão de Choque foi intensa e, em instantes, dezenas de homens entraram na Cinelândia a pé ou em motos, reprimindo tanto manifestantes, quanto clientes dos bares que funcionam no local. Outro grupo de policiais atiraram com balas de borracha contra manifestantes que participaram da passeata.
“As pessoas não fizeram nada. Estávamos vendo Fluminense x Criciúma, quando começou a confusão”, reclamou a aposentada Rosana Leite, que deixou o bar com dificuldades para respirar.
A psicóloga Raquel Siqueira Dória saiu do bar chorando, dizendo que sua mãe precisou ser atendida, pois passou mal com o efeito das bombas. “As pessoas estavam comendo e bebendo tranquilamente, quando eles praticamente invadiram o bar e jogaram bombas de gás lacrimogêneo. é uma ditadura, a morte da democracia”, protestou Raquel.
As pistas da Avenida Presidente Vargas foram bloqueadas para o trânsito em ambos os sentidos. Na dispersão, manifestantes atearam fogo em lixeiras e banheiros químicos. Também foram quebradas as vidraças de praticamente todas as agências bancárias da Avenida Rio Branco.
NA Cà‚MARA
A Comissão Especial da Reforma da Previdência recebeu, até à s 21h12 de ontem (14/03), 146 emendas que buscam mudar o texto da PEC 287, que altera o sistema previdenciário.
A maior parte das emendas está relacionada a pontos específicos como benefícios assistenciais, professores, trabalhadores rurais, policiais, servidores públicos e mulheres. As regras para os trabalhadores em geral são geralmente tratadas em emendas amplas que buscam mexer em pontos como idade mínima, regras de transição, cálculo de benefícios e pensão por morte.
Também ontem, representantes de mais de 170 entidades civis fizeram um ato na Câmara dos Deputados contra a proposta de reforma da Previdência e entregaram ao presidente da comissão, Carlos Marun (PMDB-MS), uma carta aberta em que pedem que seja suspensa a tramitação da PEC 287.
Na carta, as entidades afirmam que a PEC “está fundamentada em premissas equivocadas e contém inúmeros abusos contra os direitos sociais”. Elas pedem a paralisação da tramitação da PEC para que o texto seja discutido com a sociedade, de modo a construir alternativas para melhorar o sistema da seguridade social e impedir o retrocesso de direitos sociais.
(Com Agência Brasil e demais agências)
Foto de abertura: Ricardo Stuckert