Negociação Coletiva 2021: com a participação de Lula, sindicalistas iniciam campanha por salários e direitos
Em videoconferência realizada na manhã desta terça-feira (10), representantes dos 54 sindicatos filiados à Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo (FEDMETALSP) deram o pontapé inicial da Campanha de Negociação Coletiva 2021. A ocasião, que definiu as estratégias e diretrizes que deverão ser seguidas durante as negociações com os grupos patronais, bem como as reivindicações que serão apresentadas, contou com uma importante intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os sindicalistas buscam mobilizar a categoria metalúrgica em torno da defesa e garantia dos direitos conquistados em um período conturbado, onde as esferas econômica, social e de saúde pública foram profundamente afetadas pela pandemia.
Apesar do cenário desfavorável, os representantes dos trabalhadores não se sentem intimidados. Além da defesa das cláusulas já presentes na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), os sindicalistas reivindicam a inserção de novos pontos como, obrigatoriedade da homologação nos sindicatos, obrigatoriedade da negociação de PLR/PPR, programa de prevenção ao COVID-19, vale gás, entre outros.
Na avaliação dos metalúrgicos, o diálogo em torno dos salários é essencial, porém, o debate profundo na defesa da CCT, enquanto fator de enfrentamento aos impasses socioeconômicos, é urgente.
“Os próximos dias serão de mobilização e debates intensos. Sempre enfrentamos cenários adversos, fazem parte da nossa história. Temos em mente que a luta faz a lei e que a categoria está empenhada e consciente de que precisamos assegurar as nossas conquistas para que possamos avançar”, declarou o Presidente da FEDMETALSP e do Sindicato, Eliseu Silva Costa.
Seguindo a mesma narrativa de Silva Costa, Miguel Torres, Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e do Sindicato do Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, afirma que, com a atual conjuntura, os direitos dos trabalhadores serão atacados ferozmente pelo setor patronal. “Temos que garantir as nossas cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho. Tudo indica que nesta campanha os patrões tentarão tirar as nossas clausulas com a velha justificativa do Custo Brasil”, disse.
Conselhos de Lula
O ex- presidente fez uma breve análise sobre o cenário sociopolítico e enfatizou a importância das campanhas sindicais voltadas para questões salariais e de direitos.
“Quase tudo em minha vida começou com uma campanha salarial. É sempre muito difícil fazer uma campanha salarial em período de crise. Normalmente, tentam tirar as conquistas dos trabalhadores”, declarou.
O ex-presidente aconselhou que os sindicalistas tenham uma postura firme durante as negociações. “A gente não pode sentar em uma mesa de negociação com a cabeça baixa. Os empresários sempre vão para as negociações dizendo que o Custo Brasil é alto, problematizando os nossos direitos. É preciso muita disposição de lutar, negociar de cabeça erguida, não deixar de dizer para eles a realidade que o trabalhador está vivendo por conta do enfraquecimento do movimento sindical”, explicou Lula.
O ex-presidente finalizou sua fala ressaltando a importância dos sindicatos na democracia. “Não acredito em democracia sem sindicato. Quanto mais forte for a economia e o sindicalismo, mais exercida será a democracia e mais direitos os trabalhadores podem conquistar. O estado de bem estar social é resultado da democracia, da força do movimento sindical. Não tem jeito, companheiros. É a luta que faz a lei”.
O Sindicato irá informar em breve a data e o formato da Assembleia Geral da Campanha de Negociação.