Palavra do Presidente: crime de omissão
Apesar de iniciarmos este ano com a grata realidade de vacinas eficazes contra o Covid-19, os desacertos causados pela pandemia e pela sua má gestão pelo governo brasileiro demonstram que 2021 será um ano bastante complicado novamente para a população brasileira, particularmente no que diz respeito à economia e ao mundo do trabalho.
Certamente o momento continua sendo bastante complicado, mas sem uma ação direta do Estado no auxílio ao sustento mais básico das pessoas, não estaremos mais falando de uma economia despedaçada e sem perspectivas no curto ou médio prazo e sim em um quadro cruel de colapso social. A desigualdade no país nunca foi tão evidente e o sistema econômico por si só não tem capacidade para resolver isso. Ao contrário, só amplia o flagelo social.
Já não estamos falando só em desemprego ou informalidade no trabalho. Falamos em desalento, em miséria absoluta, em fome e em apatia. Milhões de brasileiros disputam, a cada dia não mais uma vaga de emprego ou a possibilidade de uma vida digna. Como pensar nisso ou em qualquer outra coisa quando a fome se torna a única necessidade básica a ser suprida?
A urgência de um auxílio-emergencial ou de políticas sociais compensatórias está muito além das contas públicas ou da recuperação da economia formal. Garantir o básico para a sobrevivência de seus cidadãos é obrigação constitucional e moral de qualquer governo. Esperar que o “mercado” se ajeite e resolva tais problemas no atual quadro em que vivemos não é apenas uma ilusão ideológica dos que detém o poder. É crime de omissão e genocídio mesmo.
Eliseu Silva Costa
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista
Foto de abertura: Christiano Antonucci / Secom- MT/ Agência Brasil