SÉRIE: OS LIMITES DO TRABALHADOR – jornada de trabalho
A jornada de trabalho é uma bandeira histórica da luta dos trabalhadores. Na primeira greve geral do Brasil, em 1917, a redução da jornada estava entre as principais reivindicações do movimento. Naquele tempo, a jornada era entre 12 e 14 horas diárias e os salários não condiziam com as condições de trabalho impostas aos trabalhadores.
Mesmo com as históricas mobilizações e avanços obtidos ao longo dos anos, até hoje a jornada de trabalho gera debates. Uma pesquisa da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de 2015, revelou que o Brasil está entre os dez países com as maiores jornadas de trabalho.
Com os desmontes da nova lei trabalhista, livre negociação entre empregador e empregado e a jornada intermitente, é provável que a porcentagem de trabalhadores que excedem as 60 horas semanais tenha aumentado. A nova lei não permite exceder as 44 horas semanais conforme a Constituição, mas a carga diária pode ser ampliada para até 12 horas.
Os metalúrgicos e a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)
As lutas históricas dos metalúrgicos gerou uma CCT que impede a negociação entre empregado e empregador, priorizando a negociação coletiva. Através da negociação, trabalhadores e Sindicato garantem a integridade do coletivo nas atividades laborais, afinal, trabalhadores têm uma vida quando conclui a jornada.
A CCT tem um adicional de horas extras maior do que a legislação, exatamente para dificultar a jornada excessiva maior da hora extra que, se realizada, será paga ao trabalhador.
Jornada de trabalho e saúde
Um estudo da University College London, no Reino Unido, revelou que trabalhar 55 horas semanais aumenta em 40% o risco de desenvolvimento de fibrilação atrial (FA), que é quando o coração começa a funcionar em um ritmo irregular.
Jornadas longas também podem causar o “esgotamento profissional” (burnout), acarretando a falta de concentração. Isso pode gerar consequências como um acidente de trabalho. A International Stress Management Association apontou que 30% dos profissionais brasileiros apresentam esse grau máximo de esgotamento.
Um relatório divulgado pela Organização Mundial do Trabalho, em abril de 2019, apontou que a jornada de trabalho e doenças excessivas contribuem para a morte de quase 2,8 milhões de trabalhadores em todo o mundo. O documento também revela que, além das mortes, todos os anos cerca de 374 milhões de pessoas ficam feridas ou doentes por causa de seus empregos.
Por isso, companheiros, informem ao Sindicato caso estejam sendo lesados por decisões abusivas das empresas em torno da jornada de trabalho. Saúde e integridade são a essência do operário!
Fontes:
https://forbes.com.br/listas/2018/02/15-paises-com-as-maiores-jornadas-de-trabalho/#foto6
https://boaforma.abril.com.br/saude/fazer-hora-extra-no-trabalho-traz-riscos-a-saude-do-coracao/