SÉRIE: OS LIMITES DO TRABALHADOR – jornada de trabalho

A jornada de trabalho é uma bandeira  histórica da luta dos trabalhadores. Na primeira greve geral do Brasil, em 1917, a redução da jornada estava entre as principais reivindicações do movimento. Naquele tempo, a jornada era entre 12 e 14 horas diárias e os salários não condiziam com as condições de trabalho impostas aos trabalhadores. 

 

A greve de 1917, a maior até então ocorrida no Brasil, teve início em São Paulo, em julho, e espalhou-se pelo país deixando marcas profundas na história operária. Naquela época o operariado paulista se encontrava em uma situação de miséria. (Foto: Centro de Memória Sindical)

Mesmo com as históricas mobilizações e avanços obtidos ao longo dos anos, até hoje a jornada de trabalho gera debates. Uma pesquisa da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de 2015, revelou que o Brasil está entre os dez países com as maiores jornadas de trabalho. 

Com os desmontes da nova lei trabalhista, livre negociação entre empregador e empregado e a jornada intermitente, é provável que a porcentagem de trabalhadores que excedem as 60 horas semanais tenha aumentado. A nova lei não permite exceder as 44 horas semanais conforme a Constituição, mas a carga diária pode ser ampliada para até 12 horas. 

 

Os metalúrgicos e a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 

A Convenção Coletiva de Trabalho, aprovada pelos metalúrgicos em novembro passado, conta com uma série de cláusulas que garantem a integridade da categoria nas relações trabalhistas.

As lutas históricas dos metalúrgicos gerou uma CCT que impede a negociação entre empregado e empregador, priorizando a negociação coletiva. Através da negociação, trabalhadores e Sindicato garantem a integridade do coletivo nas atividades laborais, afinal, trabalhadores têm uma vida quando conclui a jornada. 

A CCT tem um adicional de horas extras maior do que a legislação, exatamente para dificultar a jornada excessiva maior da hora extra que, se realizada, será paga ao trabalhador. 

As cláusulas da CCT em torno das horas extraordinárias, garantem a integridade do trabalhador, já que o adicional aplicado é maior se comparado com o que está previsto na nova lei trabalhista.

 

Jornada de trabalho e saúde

Um estudo da University College London, no Reino Unido, revelou que trabalhar 55 horas semanais aumenta em 40% o risco de desenvolvimento de fibrilação atrial (FA), que é quando o coração começa a funcionar em um ritmo irregular. 

Jornadas longas também podem causar o “esgotamento profissional” (burnout), acarretando a falta de concentração. Isso pode gerar consequências como um acidente de trabalho. A International Stress Management Association apontou que 30% dos profissionais brasileiros apresentam esse grau máximo de esgotamento. 

Um relatório divulgado pela Organização Mundial do Trabalho, em abril de 2019, apontou que a jornada de trabalho e doenças excessivas contribuem para a morte de quase 2,8 milhões de trabalhadores em todo o mundo. O documento também revela que, além das mortes, todos os anos cerca de 374 milhões de pessoas ficam feridas ou doentes por causa de seus empregos.

Por isso, companheiros, informem ao Sindicato caso estejam sendo lesados por decisões abusivas das empresas em torno da jornada de trabalho. Saúde e integridade são a essência do operário! 

Fontes:

https://claudia.abril.com.br/saude/burnout-os-sinais-da-sindrome-que-e-causada-pelo-esgotamento-no-trabalho/

https://www.poder360.com.br/opiniao/brasil/primeiros-resultados-da-reforma-trabalhista-indicam-precarizacao-do-emprego/

https://forbes.com.br/listas/2018/02/15-paises-com-as-maiores-jornadas-de-trabalho/#foto6 

https://boaforma.abril.com.br/saude/fazer-hora-extra-no-trabalho-traz-riscos-a-saude-do-coracao/ 

https://claudia.abril.com.br/saude/burnout-os-sinais-da-sindrome-que-e-causada-pelo-esgotamento-no-trabalho/ 

https://www.ocupacional.com.br/ocupacional/jornada-de-trabalho-excessiva-riscos-para-o-empregador-e-para-o-empregado/

 

Astra Website Security